aula de edição electrónica I

domingo, março 05, 2006

A edição tradicional e electrónica na Era da Informação.


A edição por métodos electrónicos surgiu tal como a tradicional há muitos mais anos atrás para facilitar as nossas actividades de acordo com as expectativas e os anseios de cada tempo. De qualquer modo ambas se desenvolveram cada uma há sua medida e consoante o seu tempo. A edição electrónica surgiu, desenvolveu-se e teve uma enorme adesão, sem a qual muitos já não podem passar sem... mas isso verificou-se porque as vantagens que trouxe em relação à tradicional foram imensas, senão tinha-se perdido pelo caminho e não tinha ganho terreno em relação à outra. A prova é vermos a própria imprensa que vive do papel a ter edições on-line.
Porém, é inevitável encontrarmos vantagens e desvantagens em ambas, mas o que é curioso é que encontramos já, mais vantagens na edição electrónica do que na tradicional. A edição tradicional permite uma maior comodidade, assim como uma leitura mais linear enquanto na edição electrónica tudo se torna mais fácil pois não é preciso pagar a uma editora para me publicar este post, por exemplo, ou seja, somos um utilizador, produtor e editores ao mesmo tempo. E essa é claramente mais uma vantagem da edição electrónica. Além disso, além desta ser mais abrangente, mais rápida, mais actualizável, não ter barreiras geográficas, de permitir juntar som, texto e imagem num conjunto multimédia de qualidade, não nos podemos esquecer da sua melhor mais-valia – a interactividade – e que é aliás o que melhor caracteriza a Internet. Do meu ponto de vista é muito bom saber o que os outros pensam e como reagem relativamente àquilo que editamos e que eles dêem a sua opinião sobre esse tema ou esse assunto. Na edição tradicional esse feedback também pode existir mas é sem dúvida muito mais demorado.
Mas não nos esqueçamos das desvantagens da nova forma de edição nesta nossa era da informação. São elas o facto de a leitura não ser linear, de estar mais sujeita a plágios e a informação e fontes não credíveis, a «desinformação», isto é, existe tanta informação que acabamos por não saber nada aprofundadamente, o facto de existirem os chamados iletrados digitais, isto é, aquelas pessoas que não se adaptaram às novas tecnologias, enquanto por exemplo aqueles que já nasceram na era digital/electrónica se tornaram nos literatos dos novos media, entre outras.
Concordo com o anterior post quando se diz que sentir o papel nas nossas mãos é uma experiência da qual não deveríamos ser privados com o surgimento da edição electrónica. Sou céptica ao ponto de pensar que a edição em papel possa desaparecer totalmente, mesmo que perdure num qualquer museu do mundo, não deixará de existir mas sim talvez se torne obsoleta e em completo desuso.
Além disso, também concordo quando se diz que temos de ser nós a seleccionar o que tem qualidade ou não na Internet pois a informação publicada na rede é imensa e para se realizar condignamente essa selecção («First publish, than filter»). Será que essa selecção não se baseia na nossa experiência com a edição tradicional, já que esta é sujeita a uma maior filtragem porque nem tudo pode ser publicado devido ao tal factor monetário e ao factor qualidade («First filter, than publish»)?.
De qualquer modo, a utilização da Internet depende da nossa capacidade de conseguirmos usufruir dela da melhor maneira, dominando ferramentas que nos dêem vantagens e fintando os aspectos negativos que surjam a cada momento. Os riscos são os mesmos que os benefícios. Tudo depende da nossa forma de utilização e preparação em termos de segurança e de fazermos uma utilização frutuosa ou prejudicial.
Na questão colocada sobre a «morte do autor» no confronto entre a edição electrónica e tradicional, creio que é um aspecto importante. Qualquer assunto editado tem um autor, quer seja em papel ou na Internet, apenas o que acontece é o factor plágio, uma das grandes desvantagens e inconvenientes da Internet por ser algo onde a informação circula mais rapidamente e uma zona mais extensa, o que faz com que esse plágio não seja “apanhado” tão rápida e facilmente. Isso porque na edição tradicional esse plágio também existe e, quantas vezes já ouvimos falar dele na Imprensa e sobre plágios nela própria. Contudo, não creio que o autor deixe de ter o seu valor naquilo que originalmente escreveu ou editou. Tudo passa pela boa fé das pessoas, da importância que pode ser dada aos textos plagiados e saber identificá-los e à possível punição que isso possa ter, como já existe o copyright na edição tradicional.
Para finalizar gostaria só de dizer que é necessário ser-se crítico e reflectir sobre as novidades da nossa Era e, apercebemo-nos já hoje que, a informação na Internet não está, infelizmente, disponibilizada ainda a todos, pois nem todos possuem acesso à rede e por vezes nem possuem os meios indispensáveis para tal como um computador. Assim, existe Liberdade mas não existe Democratização no que toca ao acesso às novas tecnologias que permitem a edição electrónica. Por isso, penso que a edição tradicional é ainda importante e indispensável pois faz com que os info-excluídos possam ter acesso à cultura e informação.

1 Comments:

At 4:31 da tarde, Blogger Maya said...

Concordo plenamente contigo Nádia no que respeita à questão da "morte" do autor no caso da edição electrónica. Acho que tanto na edição online, quanto na tradicional o plágio é sempre possível, apesar de ser talvez mais facilitado pelo fluxo excessivo de informação.
Quanto ao teu receio de as edições em papel virem a ser meras peças que preenchem as vitrines de exposição em museus, tenho quase a certeza de que tal facto não irá acontecer tão cedo, já que uma coisa não anula a outra. Podemos ter a informação disponível na Internet, mas nada nos impede a imprimi-la em papel. Os textos impressos nos serão sempre indispensáveis não só por a leitura em papel cansar muito menos a nossa visão, mas também por ser "transportável". Só excluo a necessidade da impressão em papel no caso de virmos a assistir a uma mudança "science fiction" que até agora só pudemos ver no âmbito cinematográfico. Supomos que sejam criados suportes de texto em papel "virtual", sendo suficiente carregar num botão de algum aparelho minúsculo que de repente se transforme num ecrã transparente... enfim, aquelas coisas que já todos vimos nos filmes de ficção. Mas tais mudanças não prometem ocorrer tão cedo, pelo menos não a nível maciço.
Considero, por isso, que não devemos recear o risco de a edição em papel desaparecer.

 

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